Diocese de Juazeiro

Notícias da Diocese › 15/04/2020

Dom Beto Breis publica 4ª Nota Pastoral, convidando à leitura da Palavra, à solidariedade e a oração

Nesta quarta-feira (15), nosso Bispo diocesano Dom Beto Breis publicou sua 4ª Nota Pastoral para esses tempos de quarentena nas paróquias por conta do coronavírus.  No documento nosso bispo convida o povo de Deus à se dedicar à leitura orante da Palavra de Deus, tendo em vista o Ano da Palavra, e exorta a dois gestos de solidariedade com os mais necessitados:

  • Primeiramente convocando todas as comunidades das nossas Paróquias a promover coletas de alimentos, produtos de higiene e limpeza para serem doados aos mais necessitados
  • Também convoca a todos para uma oração mais intensa pelos profissionais de saúde que lidam diretamente no cuidado com os enfermos.

A nota “Sobre a fé, a esperança e a caridade em tempos de expansão do Covid 19” é dirigida aos padres, diácono, religiosas/os e fiéis da nossa Diocese. Confira na íntegra abaixo:

QUARTA NOTA PASTORAL DO BISPO DIOCESANO DE JUAZEIRO

Sobre a fé, a esperança e a caridade em tempos de expansão do Covid 19

Prezados sacerdotes, diácono, religiosas e fiéis leigos de nossa Igreja Particular,

Deixemo-nos contagiar pela esperança!” (Papa Francisco)

Como já lhes falamos em notas pastorais dirigidas recentemente, atravessamos um momento excepcional e único na História, o que por vezes nos desconcerta e assusta. Um mal invisível e facilmente transmissível vai espalhando sofrimento e morte e pondo em evidência todas as nossas falsas seguranças. Celebramos uma Páscoa sem igrejas repletas de fiéis e sem suas vozes ecoando nos recintos dos nossos templos os belos cânticos desses dias centrais de nossa fé. Por outro lado, se ficamos entristecidos e pesarosos ao vermos nossas igrejas vazias, a proclamação de um túmulo vazio enche nossos corações de esperança e os faz transbordarem de uma alegria que nenhuma circunstância pode tolher de nós.

Estamos no ANO DA PALAVRA em nossa Diocese, a caminho do Jubileu de Diamante (60 anos) de sua criação. Nestes tempos sombrios e incertos, em que a fé corre o risco de esfriar e até esvanecer, aproximemo-nos da Bíblia Sagrada, também presença real do Ressuscitado entre seus discípulos e amigos. Quando a angústia, o medo e a inquietação se assomam em nós, como àqueles caminhantes sem esperança depois do episódio do Calvário (Lucas 24,13-35), deixemos que Ele aqueça os nossos corações e reacenda em nós a chama da esperança através das Escrituras. Impossibilitados de participar das celebrações eucarísticas em nossas comunidades e, assim, aproximarmo-nos do Corpo do Senhor, façamos nossa refeição cotidiana junto à mesa da Palavra, pois, como lembra Santo Agostinho: “Nutre a tua alma com a leitura bíblica e ela te preparará um banquete espiritual”. Não se sustenta uma fé sólida e persistente diante do que podemos chamar de silêncio de Deus e do mistério do sofrimento humano com certas inovações “litúrgicas” ou com soluções pastorais eivadas de ambiguidades, mesmo que nascidas de boas intenções. A Liturgia da Palavra deste Tempo Pascal, que ora iniciamos, oferece-nos particularmente um itinerário propício para a leitura orante e a saciedade em tempos de fome de esperança e sede de sentido.

Amados filhos e irmãos, queremos aqui também propor o “contágio” da solidariedade, expressão da caridade, que por sua vez é irmã inseparável da fé e da esperança. Esta solidariedade deverá se expressar de duas maneiras especiais:

1. Pedimos que em todas as comunidades de nossa vasta Diocese seja organizada arrecadação de gêneros alimentícios e produtos de higiene e limpeza em favor dos que já sofrem ordinariamente privação de bens essenciais à vida, mas nestes tempos sentem agravar a fome e a insegurança. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu início, no dia 12, à Ação Solidária Emergencial da Igreja no Brasil, uma ação nacional que tem como lema ‘É tempo de cuidar’ para estimular a solidariedade. Além de incentivar a ajuda material às pessoas, também quer promover o cuidado no campo religioso, humano e emocional. Cada realidade eclesial de nossa Diocese saberá a melhor maneira de organizar essa ação imprescindível de cuidado e compaixão samaritanos.

2. Os profissionais de saúde tornam-se nestes dias os combatentes primeiros no front da luta contra o coronavírus e suas infecções. O serviço que cotidianamente exercem em favor da defesa da vida surgem à evidência particularmente agora. Como Moisés com os braços erguidos na montanha (Êxodo 17,11), estejamos, permanentemente, orando por esses heróis em campo de batalha nas planícies de hospitais e outras instituições de saúde. Se por vezes lamentamos que não temos tempo para rezar, a maioria de nós dispõe agora dessa condição para poder interceder e suplicar em favor daqueles que não podem permanecer nos recintos de suas casas.

Nestes tempos de necessários isolamento social e reclusão por vezes vamos redescobrindo a força da ternura em aproximar e romper distâncias. Igualmente podemos reconhecer o risco de gestos de proximidade física, incluindo abraços e “toques” de mãos, por vezes formais e rotineiros, serem sem o calor e a autenticidade do afeto e da alteridade. Com nosso amado Papa Francisco, creio firmemente que vamos sair melhores desta pandemia que põe em suspeita nossos esquemas e nossa autossuficiência, bem como a qualidade de nossas relações interpessoais e com a Criação. Uma nova humanidade poderá emergir destes tempos de dores de parto.

Agradecemos a todos pelo belo empenho nestas primeiras semanas de quarentena. Nossa menção especial aos caros sacerdotes e às equipes de Pastoral da Comunicação das paróquias, que através dos recursos da tecnologia moderna mantêm vínculos de pertença fazendo chegar às casas celebrações, estudos e mensagens de ânimo e esperança. Permaneçamos unidos pelo vínculo da caridade!

O Senhor lhes abençoe e lhes guarde!

 

 

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