Dom Beto Breis emite nota sobre o culto e atividades religiosas frente à expansão do coronavírus (Covid 19)

Caríssimos irmãos sacerdotes, religiosos e leigos de nossa Igreja Particular,

Paz e Bem!

A Campanha da Fraternidade deste ano convida-nos, neste itinerário quaresmal, a conjugar cotidianamente os verbos VER, SENTIR (COM-PAIXÃO) E CUIDAR. Como o Bom Samaritano daquela interpeladora parábola que Jesus narrou aos seus discípulos: “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lucas 10,33-34). Romper crostas de egoísmo e de indiferença que por vezes nos revestem nas relações com os outros e com a Criação é testemunhar a fé naquEle que “amou-nos até o fim” (João 13,1) e a todos manifestou a ternura incondicional do Pai.

É nesse contexto eclesial e litúrgico que nos deparamos apreensivos, mas não des-esperados, com as notícias acerca do CORONAVÍRUS que se alastra por todo o mundo gerando dor e ameaça à vida. Em nossa Região sucedem-se caos de H1N1, igualmente nocivo e, portanto, preocupante. Não é ocasião para pânico, mas para a responsabilidade com a vida, dom de Deus, e, assim, a necessária tomada de medidas preventivas e cautelares que expressem cuidado.

Procurando estar em comunhão com toda a Igreja do Brasil, que através de oportuna mensagem da CNBB apontava os cuidados necessários nestes “tempos de esperança e de solidariedade”, e em consonância com as autoridades estaduais e municipais apresentamos aqui  algumas determinações. Movidos por zelo pastoral, por grave senso de compromisso com o bem comum e a vida do rebanho a nós confiado e em atitude de escuta a instâncias de nossa Igreja Local, determinamos:

• Até que recebamos orientações em sentido contrário das autoridades civis competentes, manteremos nossas Celebrações Eucarísticas e da Palavra aos sábados e domingos. Entretanto, que essas sejam unicamente campais (ao ar livre). As celebrações feriais (dias de semana) sejam suspensas. Pedimos aos sacerdotes que, na medida do possível, ofereçam maior número de celebrações nos finais de semana, para que os fiéis tenham opção de escolher horários alternativos e com menor aglomeração de público. Que as celebrações sejam o mais breve possível, garantindo o essencial do Mistério celebrado. Sendo também viável, ofereçamos aos que se dirigem às nossas liturgias álcool gel para uma necessária higienização.

• Ficam suspensas procissões, bem como mutirões de confissões previstos neste tempo de preparação para a Páscoa do Senhor.
• Ficam suspensos também eventos como a Caminhada Penitencial do Regional Juazeiro e a Festa da Vida, bem como todos os encontros de pastorais, movimentos e novas comunidades no âmbito de nossa Diocese até normas em contrário. Que sejam realizadas somente as reuniões urgentes, respeitando o que determina o decreto publicado por cada município com relação à quantidade de pessoas que podem participar de reuniões em espaços abertos e fechados. Neste sentido, todos os encontros catequéticos sejam também interrompidos.
• Aos irmãos e irmãs com idade acima dos sessenta (60) anos exortamos que permaneçam sempre no recinto de suas casas. O mesmo admoestamos aos diocesanos mais susceptíveis a enfermidades (com baixa imunidade). Esses irmãos e aqueles que por cautela também não participarem dos atos litúrgicos no Dia do Senhor ficam dispensados do preceito dominical de participar da Santa Missa. Neste caso, os fiéis podem acompanhar as celebrações através dos meios de comunicação e pelas próprias páginas da Diocese e das paróquias em redes sociais como o Facebook. Orem pessoalmente e em família, reconhecendo sempre a beleza de sermos Igreja doméstica e a força da oração confiante e perseverante. Neste ANO DA PALAVRA em nossa Diocese, alimentemo-nos ainda mais intensamente desse salutar pão que o Senhor nos oferece.
• Pedimos que permaneçam secos todos os recipientes com água benta que costumamos ter em nossas igrejas.
• A Igreja se manterá próxima e solícita com todos os meios que lhe serão possíveis. Nesse sentido, que todas as portas de nossos templos estejam abertas para os fiéis, podendo o Santíssimo Sacramento ficar exposto para a adoração dos mesmos. Nós, sacerdotes e servidores do Povo de Deus, nos manteremos em nossos postos, à disposição dos que nos procurarem ou solicitarem nossa atenção e presença.
• No mais, pedimos encarecidamente atenção aos cuidados e recomendações amplamente divulgados no tocante à higiene pessoal, particularmente das mãos (com água corrente, sabão e álcool em gel). Pre-venir (chegar antes) é sempre o melhor remédio, diz a sabedoria popular.

As normas acima permanecerão válidas até afirmação nossa em contrário. A vida é dom precioso de Deus, sendo responsabilidade nossa cuidá-la e defendê-la, como já nos acena o próprio tema da Campanha da Fraternidade deste ano, em sintonia com as Escrituras e a Doutrina Social da Igreja. Peçamos ao Senhor que nos inspire para a criatividade necessária exigida pela fé e pela caridade nestes tempos difíceis que atravessamos. Apoiados no que nos disse o Senhor pelo Apóstolo na Liturgia da Palavra do último domingo, não abalemos nossa esperança, pois “a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Romanos 5,5). Não há razão para pânico, mas para prudência e precaução.

O Senhor vos abençoe e vos guarde!

+ Dom Carlos Alberto Breis Pereira

                                                                    Bispo Diocesano de Juazeiro – Bahia