Diocese de Juazeiro lança Campanha da Fraternidade 2018 com dados sobre violência no campo e contra a mulher
Com o tema “Fraternidade e superação da violência” e lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), o lançamento da Campanha da Fraternidade 2018 apresentou histórias de pessoas que lutam pela superação da violência durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (14).
Com esta iniciativa, a Diocese de Juazeiro e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convidam todos os homens e mulheres de boa vontade para percorrer o caminho da superação da violência crescente em todos os níveis. Violência de morte, de abuso de poder, de descarte da pessoa, de quebra de relações de confiança, de degradação da família, de ganância e corrupção, de marginalização da infância e da adolescência.
“Sabemos que a violência assusta e tem crescido. Só no interior da Bahia foram assassinadas mais de 3.300 pessoas, um número que assusta. Um sistema que gera a exclusão social, que gera a miséria no povo e nos coloca um desafio, um esforço de toda a sociedade para a realização de um mutirão”, enfatiza o bispo diocesano Dom Beto Breis.
Pastoral da Mulher
A coordenadora da Pastoral da Mulher em Juazeiro Fernanda Lins apresentou dados relevantes sobre a violência, fruto da sociedade, principalmente nos casos de prostituição na cidade.
“A pastoral atua a favor das mulheres, a exemplo da prostituição, que são muito mais violentas por exercerem essa profissão, pois a sociedade julga e aponta. Nós atuamos em 23 espaços de prostituição em Juazeiro como mulheres entre 18 e 29 anos, uma boa parte apresenta apenas o ensino fundamental II, equivalente a 42%. A maioria dos agressores são os maridos (companheiros) e detectamos que elas não conseguem enxergar os calotes que sofrem dos homens e nossa luta continua com os trabalhos de assistência”, disse.
A realidade dos conflitos nos campos são inúmeras na região. Desde 1995 a Comissão Pastoral da Terra começou a publicar dados da violência dos últimos anos, que tem piorado, principalmente nos municípios de Casa Nova e Campo Alegre de Lourdes na Bahia.
“O ano passado foi um dos mais sangrentos, o tempo do terror, pois temos uma realidade de teimosia e resistência das comunidades, a lei diz que o governo deveria regularizar as terras em nome dos que habitam na localidade. Muitas pessoas foram ameaçadas de mortes e ainda são assassinadas. Mais de 13.500 pessoas na Bahia participaram de conflitos de terra só em 2016, em ocupações, o trabalho escravo aumentou. Na nossa região, a prática tem se dado com os grileiros, só em Casa Nova mais de mil famílias sofrem porque em fazendas estão realizando a plantação de eucaliptos e muitos empresários tiram o direito à terra das pessoas que sofrem violência”, ressaltou a coordenadora da Comissão Pastoral da Terra, Marina Rocha.
Ainda de acordo com a CPT, as comunidades persistem em permanecer nos territórios. Em 2017, foram assassinadas 65 pessoas, vítimas da violência no campo e o nível de crueldade aumentou com a retomada dos massacres. As áreas de pesquisas de minério na região também contribuem com a prática dos conflitos.
O pároco da Paróquia Nossa Senhora das Grotas Josemar Mota, enfatizou o tempo favorável, a quaresma, como um momento de reflexão, oração, partilha e humildade levando o amor ao próximo.
“Esse é o tempo em que todas as comunidades da Diocese realizam momentos de reflexão, celebrações e motivam os fiéis a seguir o exemplo de Jesus de amar ao próximo. Esses momentos são marcados durante os 40 dias, onde apresentamos a tradicional Caminhada da Penitência e Semana Santa”, concluiu o padre.